Suspeita de maculopatia? Encaminhamento para o médico família, oftalmologia, privado ou público?
Quando o optometrista suspeita de degenerescência macular relacionada com a idade (DMRI), tipo neovascular ou outra maculopatia (Ex: edema macular devido a diabetes ou devido a oclusão da veia retiniana), deve enviar o paciente com urgência para cuidados oftalmológicos. Mas qual será a melhor forma de o fazer? Este artigo pretende explorar as opções tendo em conta os tratamentos disponíveis.
Havendo a suspeita de DMRI húmida (também chamada exsudativa ou neovascular), o optomerista deve encaminhar o doente com urgência para avaliação e investigação oftalmológica, tendo em conta possível tratamento. Idealmente, o paciente deverá ser observado em oftalmologia em menos de uma semana após a consulta de optometria e receber tratamento em menos de duas semanas, caso necessário. O encaminhamento urgente é particularmente importante em pessoas que apresentam distorção visual (metamorfopsia), ou perda de acuidade visual de forma repentina, uma vez que pode indicar neovascularização da retina.
O encaminhamento deverá ser feito directamente para clínica privada ou hospital com serviço de oftalmologia devidamente equipado para investigação e tratamento de doença macular. Assim, é essencial estar devidamente informado sobre os serviços disponíveis na respectiva área geográfica, de forma a evitar atrasos no tratamento e subsequente perda de visão.
A patologia macular tem aumentado consideravelmente com o envelhecimento da população. O tratamento de condições maculares, como a oclusão da veia da retina, edema macular diabético ou DMRI neovascular é hoje em dia maioritariamente tratado com medicação anti-VEGF, como a ranibizumab (Lucentis), com a grande vantagem de o paciente poder recuperar acuidade visual, contrariamante à terapia laser mais usada no passado. No entanto, a administração de Anti-VEGF acarreta alguns riscos sérios como endoftalmite, descolamento de retina ou hemorragias. Outra desvantagem é o preço elevado de cada tratamento. Actualmente está em desenvolvimento novas terapias mais económicas, com menor frequência de administração e de aplicação menos invasiva.
Para encaminhamento urgente deve existir perda de visão, distorção visão central ou escotoma central.
Como sugestão, a carta de encaminhamento deverá incluir:
- Olho(s) afectado;
- Graduação, especialmente míopes;
- Acuidade visual para longe e perto (escala LogMAR é mais precisa). Para AV inferior a 0.0625 encaminhar via médico família;
- Acuidade visual na avaliação anterior;
- Presença de perda visão, distorção ou escotoma central;
- Presença de drusens, exsudados, hemorragia ou fluido (preretinal, intraretinal ou subretinal);
- Outras informações como o resultado do exame da grelha de Amsler, duração sintomas ou outro histórico clínico relevante deve ser incluído.
Formação em patologia macular aos optometristas é fundamental para melhor interpretação e adequado referenciamento.
A criação de um modelo de referenciamento de alterações ao nível da macula para todos os optometristas simplificaria todo o processo.
Explorar os melhores canais de comunicação entre optometristas e oftalmologistas (ex. email ou fax), diminui o tempo de avaliação/tratamento que é essencial para uma possível recuperação do doente.
A criação de uma comissão para debater o assunto é uma prioridade, uma vez que a DMI é uma das principais causas de perda irreversível de visão e a sua incidência vai aumentar significativamente com o envelhecimento da população.
Vídeo relacionado: 01 DMRI no contexto da Optometria AQUI
Excelente sintetizacao. Obrigada!
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