Recentemente foram publicadas novas orientações relativas ao processo de avaliação da capacidade visual para a condução de veículos em Portugal. Lamentavelmente, não foi incluída a valiosa prestação dos optometristas. Este artigo pretende explorar o teste Esterman e a sua importância na avaliação da visão periférica para conduzir.
A grande maioria da população tem carta de condução, e hoje em dia parece ter uma importância ímpar tanto a nível social como profissional. No entanto com o envelhecimento da população é extremamente importante fazer uma avaliação visual mais abrangente da capacidade visual dos condutores. Doenças como o glaucoma ou retinopatia pigmentar podem afectar severamente a visão periférica e inevitavelmente a capacidade de conduzir, sem prejuízo da acuidade visual central.
O teste desenvolvido por Esterman, é o gold-standard teste em muitos países para avaliação do campo visual dos condutores. É realizado binocularmente, usando a correcção habitual para longe. Abrange uma área de 120º horizontalmente, 35 ° superior e 55 ° inferiormente, com 120 estímulos dentro da área de análise. É um teste suprathreshold que normalmente está disponível nos perímetros Humphrey. Tem a vantagem de ser binocular e relativamente rápido comparativamente com outros testes com a mesma amplitude de campo visual. O mesmo teste está sujeito a diferentes interpretações e requisitos, dependendo da autoridade que faz a sua validação para conduzir. Por exemplo, em determinados países não pode haver defeito no campo central de 20º, ou existir defeito superior 3 pontos aglomerados. Por outro lado, monitorização da fixação do paciente, problemas de fusão, estímulo demasiado brilhante ou dificuldades físicas para realizar o teste podem traduzir uma avaliação limitada do verdadeiro campo visual do condutor.
A condução segura requer uma combinação de boa acuidade central, campo visual adequado, habilidade motora entre outros requisitos. O Teste de Esterman, apesar das suas limitações, parece ser o que melhor traduz a capacidade de análise do campo visual para conduzir.
É possível que num futuro próximo haja harmonização dos requisitos necessários para conduzir na União Europeia, e desta forma novas regras surjam em Portugal.
Os optometristas, tendo à sua disposição o teste Esterman, podem aconselhar os seus pacientes sobre as suas capacidades visuais de uma forma mais abrangente.
Fica o apelo para que as entidades em Portugal ponderem o uso de um teste standard para avaliação do campo visual dos condutores, e que este esteja disponível na comunidade, como nas ópticas.