
Estima-se que entre 1 e 5 em cada 100 pacientes não ficam satisfeitos com a nova prescrição dos óculos por não se sentirem confortáveis. Para além do transtorno causado para o paciente, esta situação causa consideráveis perdas económicas.
Outro problema associado à não adaptação dos óculos é o risco acrescido de quedas, principalmente nos pacientes idosos ou com dificuldades de locomoção. Apesar de diminuto, este cenário pode levar a consequenciais desastrosas.
Risco acrescido de quedas, principalmente nos pacientes idosos ou com dificuldades de locomoção.
Sem englobar os problemas de adaptação à nova graduação causados pelos erros de montagem e ajustes da armação, apresentamos abaixo um resumo dos erros mais comuns e respetivas recomendações para evitar pacientes insatisfeitos.
1) Hipercorreção de hipermetropes: pode afetar a visão de alguns pacientes adultos. Nos casos de endoforias pode ser favorável prescrever o máximo de positivo. Neste artigo de opinião, Leonard Press [O.D., FAAO, FCOVD] fala sobre a hipercorreção com positivos.
2) Hipocorreção de míopes: pode afetar a perda de contraste e a visão noturna, principalmente em pacientes presbitas. Por outro lado em pacientes jovens está associado a fator de risco para aumento da progressão miopia.
3) Variação brusca de esfera, cilindro ou eixo: variações superiores a 0.75 dioptrias esféricas devem ser consideradas antes de prescrever, assim como variações bruscas no tórico e eixo.
4) Variação brusca de adição nas lentes progressivas: principalmente na variação para alta adição. Alteração do desenho da lente progressiva também deve ser tido em conta. Por regra, lentes progressivas em pacientes com visão reduzida tem uma aceitação inferior a lentes monofocais.
5) Determinar a visão de perto e intermédia: pode ser útil determinar e prescrever a visão intermédia e a visão de perto, principalmente em adições moderadas e altas, assim como em utilizadores de computadores, determinadas operações com écrans mais afastados ou músicos com necessidade leitura num plano de distancia intermédio.
6) Distancia observação dos optótipos de longe: consultórios pequenos ou sem sistema de espelhos pode afetar a graduação prescrita. No caso de distancias curtas, reduzir a esfera 0.25 pode ser útil.
7) Distância de vértice: pode influenciar a prescrição final, principalmente quando se usa o foróptero e em pacientes com altas ametropias. Uma sugestão será colocar a lente de prova com o valor da variação de graduação encontrada na avaliação refractiva, em frente dos óculos do paciente, e confirmar eventual diferença de acuidade.
8) Alteração prescrição em pacientes com baixa visão: é importante informar o paciente sobre a possível melhoria de acuidade. Mesmo com variações de graduação significativas podem não representar melhoria de acuidade visual para o paciente.
Artigo atualizado em 05/2022