Pandemia & Écrans

Com o início da pandemia Covid-19, tem disparado o tempo que as pessoas passam à frente dos écrans. O trabalho digital, a escola online ou a socialização virtual tem aumentado significativamente. No entanto, é vital que esta mudança de hábitos não prejudique a saúde ocular.

Este artigo pretende discutir alguns pontos importantes sobre o uso de écrans, na atual época pandémica que atravessamos.

Um estudo realizado por Fight for Sight concluiu que cerca de 38% da população no Reino Unido, que têm estado mais tempo nos écrans durante o confinamento, acredita que sua visão deteriorou. A pesquisa online, mostrou que quase metade (49%) dos entrevistados, aumentou o seu tempo em frente dos écrans desde o início da pandemia. O grupo que relatou um impacto negativo dos écrans na sua visão, 39% afirma ter dificuldade para ler, 23% relata ter dores de cabeça e/ou enxaqueca e 17% acreditam que têm visão noturna mais fraca. Para além destes dados, mais de um em cada cinco (21%) dos entrevistados, referiram que tinham menos probabilidade de fazer uma consulta de visão devido ao risco de contrair o vírus.

Os resultados deste estudo não devem estar longe dos valores de outros países, nomeadamente Portugal. Neste sentido, é importante que todos os profissionais de saúde ocular estejam conscientes desta alteração de hábitos, e respetivas repercussões na qualidade de visão dos seus pacientes.

Um maior tempo ao computador, tablets ou smartphones pode provocar diferentes sintomas que será importante solucionar. Ponderar a prescrição de baixas graduações, alertar para a distancia do écran, brilho e iluminação, informar da necessidade de pestanejar mais frequentemente, fazer pausas e olhar para longe (regra 20/20/20), entre outras medidas, deverá ser discutido em consulta.

De momento não existem estudos suficientes para confirmar de forma conclusiva que o aumento do tempo ao computador possa levar à deterioração da visão. No entanto, alguns estudos destacaram um possível risco para o aumento da incidência de miopia devido ao fato das crianças passarem mais tempo em ambientes fechados. Tendo em conta os possíveis efeitos nefastos de miopia na idade adulta, com maior probabilidade quanto maior for o valor da miopia, é imprescindível alertar pais e educadores.

A opinião sobre a necessidade e grau de urgência de uma consulta de visão, tendo em conta o risco de transmissão do vírus sars-cov-2, não será unânime. Situações mais graves como a perda de visão ou diplopia repentina, não devem adiar a respetiva avaliação. Neste contexto, seria importante implementar, disponibilizar e publicitar um serviço telefónico exclusivo para problemas visuais, de forma a aconselhar os pacientes adequadamente.